
O Congresso Nacional retoma os trabalhos nesta terça-feira (1º) em meio às negociações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para firmar um acordo que fortaleça sua base de apoio na Câmara dos Deputados. Com informações da Folha de S.Paulo.
As conversas já resultaram na indicação do deputado federal Celso Sabino (União Brasil-PA) para o Ministério do Turismo, que será empossado na próxima quinta-feira (3). É esperado que os deputados André Fufuca (PP-MA) e Silvio Costa Filho (Republicanos-PE) também ocupem cargos importantes no governo Lula.
Caso o PP e o Republicanos decidam aderir ao acordo, aliada à consolidação do apoio da União Brasil, o governo poderá contar formalmente com o apoio de 374 dos 513 deputados, um número mais do que suficiente para aprovar uma PEC (Proposta de Emenda à Constituição), são necessários 308 votos. Esse cenário, no entanto, ainda é incerto por duas razões.
O primeiro motivo é o fato do Centrão ainda não ter firmado os termos do acordo com o petista, que incluem a distribuições de cargos no segundo e terceiro escalão do governo, além de melhorias na gestão das emendas parlamentares.

A segunda razão é que, mesmo que Lula satisfaça as demandas do PP, Republicanos e União Brasil com uma reforma ministerial, é esperado que haja dissidências nessas legendas, bem como em outros dois partidos de centro e de direita considerados mais alinhados ao governo, como o MDB e o PSD.
Membros do grupo político que dá as cartas no Congresso, que preferem não se identificar, demonstraram otimismo em relação ao acordo com o presidente e acreditam que o governo está avançando para consolidar uma base com margem de manobras. Eles destacam que recentemente o governo Lula sinalizou ao setor do agro com o novo Plano Safra, o que pode reduzir a resistência da bancada ruralista e evangélica.
Por outro lado, as pautas relacionadas a costume e segurança pública são consideradas mais sensíveis para essa possível nova base, podendo enfrentar um grande número de dissidentes.
Essa situação pode manter o cenário político semelhante ao do primeiro semestre, onde o governo contou com o apoio do centrão em projetos da área econômica de agrado do mercado e de empresários, mas sem muito espaço para temas historicamente caros à esquerda.