Após diversas gafes envolvendo manifestações de ministros, que geraram crises desnecessárias já nos primeiros dias de governo, o presidente Lula reuniu integrantes do primeiro escalão nesta sexta-feira. A intenção era a de alinhar os discursos e tentar dar um norte aos ministros. Uma das frases destacadas por Lula, no entanto, não poderia ser mais lugar comum e destoa de episódios que vêm ocorrendo na gestão. “Quem fizer errado sabe que tem só um jeito: a pessoa será simplesmente, da forma mais educada possível, convidada a deixar o governo”. Mas emendou que não deixará nenhum ministro para trás e que irá cuidar de todos como “uma mãe”. O que, na prática, já está acontecendo.
Apesar de declarações de lideranças minimizando a ligação da ministra do Turismo, Daniela Carneiro, com milicianos, o caso está ganhando novas e amplas proporções. Nos bastidores do Congresso, sua permanência já é considerada com os dias contados.
Durante a campanha e em seus discursos de posse, Lula evitou ao máximo falar em corrupção, focando em transparência e acessos irrestritos às informações do governo. Por óbvio, já que a corrupção é o calcanhar de Aquiles de seus governos anteriores. Uma das principais artilharias do PT e de Lula contra Jair Bolsonaro, por sua vez, era a ligação do clã do ex-presidente com a milícia. Agora, o tema não está sendo tratado como deveria. Pelo contrário. Com a postura, Lula e o governo erram feio, se contradizem, rasgam bandeiras e abrem margem desnecessária para o desgaste e investidas.
