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Um novo exame de sangue1 para avaliar a tau derivada do cérebro2 detectou a neurodegeneração relacionada ao Alzheimer3 e diferenciou o Alzheimer3 de outras doenças neurodegenerativas.

O teste teve um desempenho superior à tau total e, ao contrário do neurofilamento de cadeia leve, mostrou especificidade para o tipo de neurodegeneração da doença de Alzheimer4, relataram Thomas Karikari, PhD, da Universidade de Gotemburgo, na Suécia, e da Universidade de Pittsburgh, na Pensilvânia, e co-autores, em estudo publicado na revista Brain.

“Assim, a tau derivada do cérebro2 demonstra potencial para completar o esquema AT(N) no sangue1 e será útil para avaliar os processos neurodegenerativos dependentes da doença de Alzheimer4 para fins clínicos e de pesquisa”, escreveram Karikari e seus colegas.

A estrutura AT(N) requer que três componentes da patologia5 de Alzheimer3placas6 amiloides, emaranhados tau e neurodegeneração – sejam detectados por imagem ou em amostras de líquido cefalorraquidiano7 (LCR) para que a doença de Alzheimer4 seja diagnosticada.

Saiba mais sobre “Mal de Alzheimer3” e “Envelhecimento cerebral normal ou patológico“.

Biomarcadores baseados no sangue1 podem tornar a detecção do Alzheimer3 mais fácil e acessível. Exames de sangue1 foram desenvolvidos para detectar amiloide e tau, mas um exame de sangue1 confiável para neurodegeneração permaneceu indefinido. Por exemplo, o neurofilamento de cadeia leve, um marcador de dano axonal, é elevado na doença de Alzheimer4, mas também é elevado em outras formas de demência8 e outras doenças neurodegenerativas.

Como um marcador de neurodegeneração, “os testes atuais de tau total (t-tau) no plasma9 não mostram boa utilidade diagnóstica, ao contrário da t-tau no LCR que reflete de forma confiável a neurodegeneração na doença de Alzheimer4, mas não em outras doenças neurodegenerativas como a doença de Parkinson, demência8 por corpos de Lewy e demência8 frontotemporal”, observaram os pesquisadores.

No artigo, os pesquisadores contextualizam que biomarcadores sanguíneos para beta amiloide e tau fosforilada mostram boa precisão diagnóstica e são compatíveis com seus biomarcadores correspondentes do LCR e de neuroimagem na estrutura amiloide/tau/neurodegeneração [A/T/(N)] para identificação da doença de Alzheimer4.

No entanto, o neurofilamento de cadeia leve como marcador de neurodegeneração baseado no sangue1 não é específico para a doença de Alzheimer4, enquanto a tau total mostra falta de correlação com a tau total no LCR. Estudos recentes sugerem que a tau total no sangue1 se origina principalmente de fontes periféricas, não cerebrais.

Os pesquisadores procuraram enfrentar esse desafio gerando um anticorpo10 anti-tau que se liga seletivamente à tau derivada do cérebro2 e evita a isoforma “grande tau” expressa perifericamente.

Eles aplicaram esse anticorpo10 para desenvolver um ensaio ultrassensível baseado no sangue1 para tau derivada do cérebro2 e o validaram em cinco coortes independentes (n = 609), incluindo uma coorte11 de sangue1 para autópsia12, coortes classificadas por biomarcadores de LCR e coortes clínicas de memória.

Em amostras pareadas, a tau derivada do cérebro2 no soro13 e no LCR foram significativamente correlacionadas (rho = 0,85, P <0,0001), enquanto a tau total no soro13 no LCR não foram (rho = 0,23, P = 0,3364).

A tau derivada do cérebro2 baseada no sangue1 mostrou desempenho diagnóstico14 equivalente à tau total do LCR e à tau derivada do cérebro2 do LCR para separar os participantes com biomarcadores positivos da doença de Alzheimer4 dos controles com biomarcadores negativos.

Além disso, a tau derivada do cérebro2 no plasma9 distinguiu com precisão a doença de Alzheimer4 confirmada por autópsia12 de outras doenças neurodegenerativas (área sob a curva = 86,4%), enquanto o neurofilamento de cadeia leve não (área sob a curva = 54,3%). Essas performances eram independentes da presença de patologias concomitantes.

A tau derivada do cérebro2 no plasma9 (rho = 0,52-0,67, P = 0,003), mas não o neurofilamento de cadeia leve (rho = -0,14-0,17, P = 0,501), foi associada à placa15 amiloide global e regional e à contagem de emaranhados neurofibrilares16.

Esses resultados foram verificados posteriormente em duas coortes clínicas de memória onde a tau derivada do cérebro2 sérica diferenciou a doença de Alzheimer4 de uma variedade de outros distúrbios neurodegenerativos, incluindo degeneração17 lobar frontotemporal e distúrbios parkinsonianos atípicos (área sob a curva de até 99,6%).

Notavelmente, a tau derivada do cérebro2 no plasma9/soro13 correlacionou-se com o neurofilamento de cadeia leve apenas na doença de Alzheimer4, mas não em outras doenças neurodegenerativas.

Em todas as coortes, a tau derivada do cérebro2 no plasma9/soro13 foi associada a biomarcadores AT(N) no LCR e no plasma9 e à função cognitiva18.

O estudo concluiu que a tau derivada do cérebro2 é um novo biomarcador baseado no sangue1 que supera a tau total do plasma9 e, ao contrário do neurofilamento de cadeia leve, mostra especificidade para a neurodegeneração do tipo da doença de Alzheimer4.

Assim, a tau derivada do cérebro2 demonstra potencial para completar o esquema AT(N) no sangue1 e será útil para avaliar os processos neurodegenerativos dependentes da doença de Alzheimer4 para fins clínicos e de pesquisa.

Leia sobre “Doenças degenerativas19” e “Distúrbio neurocognitivo“.

 

Fontes:
Brain, publicação em 27 de dezembro de 2022.
MedPage Today, notícia publicada em 30 de dezembro de 2022.

 





NEWS.MED.BR, 2023. Novo exame de sangue detecta neurodegeneração da doença de Alzheimer, distinguindo-a de outras demências. Disponvel em: <https://www.news.med.br/p/medical-journal/1431400/novo-exame-de-sangue-detecta-neurodegeneracao-da-doenca-de-alzheimer-distinguindo-a-de-outras-demencias.htm>. Acesso em: 10 jan. 2023.

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